segunda-feira, 5 de julho de 2010

Iraque recusa proposta da Turquia de operação contra curdos

DA EFE, EM ISTAMBUL (TURQUIA)

O governo iraquiano recusou o plano do Exército turco de realizar uma operação militar conjunta contra os rebeldes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), informou nesta segunda-feira a imprensa turca, citando fontes do Executivo de Bagdá.
A Turquia lançou recentemente uma grande ofensiva militar contra os militantes curdos que se refugiam principalmente na fronteira entre a região do Curdistão e o norte do Iraque.
O Iraque desaprova as intervenções militares turcas em sua fronteira, alegando que as ações violam a soberania do Estado iraquiano.
A participação na ofensiva do Exército turco é descartada porque poderia incitar o ódio da população curda -- que vive na Turquia, um país profundamente dividido em diferentes etnias e grupos religiosos -- contra o Iraque.
O porta-voz do governo iraquiano, Ali Al Dabbagh, solicitou à Turquia que solucione seus problemas dentro da estrutura política do chamado "mecanismo tripartite", que envolve Washington, Ancara e Bagdá.
"Para que o problema se resolva pelas vias apropriadas, deve-se continuar buscando uma solução [ao conflito curdo]" de acordo com as políticas tripartites, afirmou Al Dabbagh
O PKK -- considerado um grupo terrorista pelos EUA, Turquia e União Europeia -- tem realizado ataques militares desde 1984 reclamando a independência de mais de 12 milhões de curdos que vivem em território turco.
Desde então, cerca de 42 mil pessoas (destes, 6.000 civis) morreram nos conflitos entre curdos e tropas turcas.

Ofensiva

Ainda na sexta-feira (2) os combates entre turcos e curdos se intensificaram com os bombardeios do Exército turco contra o Curdistão. Cerca de 10 mil homens e helicópteros militares foram enviados à região da fronteira com o Iraque.
A ação é uma resposta a ataques recentes do PKK contra militares, e aos enfrentamentos quase diários no leste e no sudeste da Turquia. O número de militares mortos nos confrontos no primeiro semestre de 2010, 70, já supera o total de mortos no ano passado, o que elevou a pressão sobre o premiê turco, Recep Tayyip Erdogan, para responder com mais força.
Um líder da oposição nacionalista chegou a pedir no Parlamento em Ancara para que fosse declarado estado de exceção no sudeste do país.
Um porta-voz do PKK confirmou o bombardeio, mas disse que não houve vítimas, enquanto o líder do grupo, Abdulah Ocalan, que cumpre pena de prisão perpétua, pediu trégua. "Poderia iniciar-se um processo mútuo de não violência", disse.
O "processo", segundo Ocalan, requereria maior representação curda no Parlamento turco, abolição de leis antiterroristas usadas contra o PKK e a liberação de dezenas de pessoas presas por supostos vínculos com o grupo, exigências em geral rechaçadas por Ancara.
Os curdos representam de 15% a 20% da população turca.

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