O ministro de Relações Exteriores de Israel, Avigdor Lieberman, rejeitou nesta segunda-feira a ameaça da Turquia de romper relações e disse que não tem intenção de pedir desculpas pelo ataque, em 31 de maio, contra um barco turco que tentava romper o bloqueio à faixa de Gaza para levar ajuda humanitária. A ação das forças israelenses deixou oito turcos e um turco-americano mortos e causou grande condenação internacional.
"Nós não temos qualquer intenção de pedir desculpas. Nós pensamos que o oposto é válido", disse Lieberman a repórteres, durante uma visita à Letônia.
Em Israel, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Yigal Palmor, afirmou que a Turquia não pode apelar a ameaças ou ultimatos, se quiserem um pedido de desculpas. "Tudo nos leva a pensar que a Turquia tem outra agenda em mente", acrescentou, sem dar maiores detalhes.
Mais cedo, o jornal turco "Hurriyet" citou o ministro de Relações Exteriores da Turquia, Ahmet Davutoglu, dizendo que seu país cortará relações com Israel caso este não peça desculpas pelo ataque ao Mavi Marmara.
"Israel tem três opções: eles devem se desculpar ou reconhecer uma investigação internacional e imparcial do caso e as suas conclusões", declarou o chanceler.
"Nós lhe mostramos uma saída: se eles se desculparem baseados na conclusão da sua própria investigação, seria ótimo para nós. Mas é claro que primeiro temos que vê-la", disse o ministro turco sobre a investigação interna israelense sobre o ataque.
A Turquia, que retirou seu embaixador de Israel e cancelou os exercícios militares conjuntos, exige uma investigação internacional, além de um pedido de desculpas, indenização às vítimas e a devolução da embarcação.
Israel iniciou há uma semana os trabalhos da comissão de investigação sobre o ataque e deve levar o premiê Binyamin Netanyahu a depor.
Em declaração à imprensa, o líder da comissão e juiz aposentado do tribunal supremo israelense, Jacob Turkel, disse que o ministro da Defesa, Ehud Barak, e o chefe do Estado-Maior, Gaby Ashkenazi, também serão convocados em breve.
O órgão, contudo, tem como objetivo esclarecer os fatos e não atribuir responsabilidades aos políticos e militares que tomaram as decisões. O grupo conta com dois observadores internacionais sem direito a voto: o norte-irlandês William David Trimble, prêmio Nobel da Paz, e o canadense Ken Watkin, ex-promotor general do Exército do Canadá.
Os navios com ajuda humanitária navegavam rumo a Gaza para tentar romper com o bloqueio imposto por Israel contra o governo do grupo islâmico radical Hamas. O país insiste que as tropas envolvidas na ação agiram em defesa própria, depois de serem atacadas por ativistas a bordo. Os passageiros afirmam que os israelenses dispararam sem qualquer tipo de provocação.
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