segunda-feira, 5 de julho de 2010

Turquia ameaça romper relações se Israel não se desculpar por ataque a barco


O ministro de Negócios Estrangeiros da Turquia, Ahmet Davutoglu, afirmou ao jornal turco "Hurriyet", que o seu país cortará relações com Israel caso este não peça desculpas pelo ataque ao barco turco "Mavi Marmara", em 31 de maio, quando o Exército de Israel matou nove ativistas humanitários que tentavam entregar ajuda à faixa de Gaza.

"Israel tem três opções: eles devem se desculpar ou reconhecer uma investigação internacional e imparcial do caso e as suas conclusões", declarou o chanceler.

Semana passada, Davutoglu participou de um encontro secreto com o ministro do Comércio israelense, Benjamin Ben-Eliezer, em Bruxelas.

"Nós lhe mostramos uma saída: se eles se desculparem baseados na conclusão da sua própria investigação, seria ótimo para nós. Mas é claro que primeiro temos que vê-la", disse o ministro turco sobre a investigação israelense sobre o ataque.

Porém, semana passada, o premiê Binyamin Netanyahu afirmou que Israel não pedirá desculpas pelo ataque ao navio. "Israel não pode se desculpar porque seus soldados tiveram que se defender para evitar ser linchados por uma multidão", defendeu o premiê entrevista à emissora de TV estatal israelense "Channel 1".

Em resposta a Netanyahu, o chanceler turco afirmou que, neste caso, os "laços nunca serão reparados".

"Eles estão cientes de nossas demandas. Se eles não querem desculpas, então devem aceitar uma investigação internacional", disse o ministro turco, acrescentando que a Turquia não irá esperar a decisão de Israel por tempo indeterminado.

Investigação

O governo israelense aprovou neste domingo a ampliação dos poderes da comissão interna que investiga o ataque ao navio turco.

O organismo poderá a partir de agora convocar testemunhas e pedir que declarem sob juramento, informou o Executivo em comunicado.

No entanto, o inquérito mantém suas principais limitações: seu objetivo continua sendo "esclarecer" os fatos (não atribuir responsabilidades aos políticos e militares que tomaram as decisões) e seus dois observadores internacionais (o norte-irlandês William David Trimble, prêmio Nobel da Paz, e o canadense Ken Watkin, ex-promotor geral do Exército do Canadá) não têm direito a voto.

Está mantida a proibição aos membros do comitê de interrogar os soldados que participaram da abordagem.

Os juízes receberão apenas o resumo das respostas que deram ao grupo de analistas do próprio Exército israelense.

O objetivo da comissão será determinar se as ações do Estado de Israel para impedir a chegada do comboio humanitário a Gaza ocorreram de acordo com o direito internacional e pronunciar-se sobre a legalidade do bloqueio marítimo que mantém sobre a faixa palestina.

Espaço aéreo

Na última segunda-feira, o país decidiu fechar seu espaço aéreo para alguns dos voos militares israelenses. A medida é retaliação ao ataque.

Os navios com ajuda humanitária navegavam rumo a Gaza para tentar romper com o bloqueio imposto por Israel contra o governo do grupo islâmico radical Hamas. O país insiste que as tropas envolvidas na ação agiram em defesa própria, depois de serem atacadas por ativistas a bordo.

Em resposta às críticas dos EUA e de outros aliados, Israel depois do incidente atenuou o bloqueio à faixa de Gaza, autorizando a entrada de produtos com finalidades civis aos seus 1,5 milhão de habitantes. O bloqueio marítimo, no entanto, permanece.Fonte:Folha de SP

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